domingo, 10 de junho de 2012

A Madalena Penitente (uma reflexão sobre os símbolos e a luz)


   

Por GUSTAVO BALESTRIN.


   A luz e o simbolismo foram os aspectos que mais chamaram a minha atenção quando comecei a estudar humanidades clássicas, e este quadro, pintado por Georges de la Tour, é um exemplo digno de ser comentado, pois usa muito bem estes dois elementos.

   Este quadro foi pintado durante o período de arte chamado Barroco e que abarca também o período histórico da contra-reforma protestante....

 Os quadros serviam para ensinar e instruir os fiéis durante este duro período pois a maioria das pessoas eram analfabetas e não podiam ler os escritos dos sacerdotes, teólogos contra os ensinamentos dos protestantes, que predicavam uma predestinação das pessoas ao céu e que se manifestava pelas riquezas que possuía: Deus, segundo eles, abençoava e salvava os que possuíssem mais dinheiro. Essa era uma das doutrinas de alguns protestantes barrocos.

   Neste quadro a fonte de luz é a vela, símbolo da fé recebida no batismo, que ilumina a face, a alma de Maria Madalena e mostra assim que ela é uma batizada que vive de acordo com aquilo que professou.

   Uma caveira está posta no seu colo, simbolizando assim a morte, mostra como ela vive de acordo com os bens eternos, últimos, que não passam e não buscando a gloria deste mundo.

   No chão estão jogadas as jóias que ela deixou para viver a nova vida; foi o preço que ela teve que pagar para ser iluminada pela luz, para possuir a Cristo.

   Olhando novamente a sua face, eu estou quase tentado a afirmar que Georges de la Tour escolheu pintar ela de lado para que cada pessoa pudesse relacionar-se com o quadro e por a sua face no lugar da de Maria e repetir a mesma experiência que ela fez: deixar-se conquistar pela luz de Cristo deixando as coisas deste mundo e vivendo para Deus.

   Ao ver este quadro, aqueles que abandonaram os bens deste mundo, como Maria Madalena o fez, poderiam encontrar força no seu exemplo e seguir entregando-se a Deus, e aqueles que ainda estivessem presos as vaidades deste mundo, este quadro serviria como um convite a deixar tudo por Cristo. Uma lembrança que somos peregrinos neste mundo, que um dia vamos morrer, a caveira, e que vale apena deixar tudo, as jóias, para ser católico, a vela, e ser iluminado pela nova luz, a fé.

   George de la Tour realizou assim a sua meta de “evangelização” com este quadro usando o "chiaroscuro" (luz nas sombras), criando um ambiente místico, cheio de simbolos que pudesse levar as pessoas a imitar o exemplo de Maria Madalena, que deixou todos os prazeres deste mundo para ter a Cristo e ser iluminada por ele.

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